A adoção do PRINCE2, como Metodologia de Gerenciamento de Projetos – Parte 1

Adotar o PRINCE2 como metodologia de Gerenciamento de Projetos em sua empresa

Adoção do PRINCE2 como Metodologia

Antes de começarmos, vamos a uma breve definição sobre projeto:

O que são projetos?

1 – Segundo a Wikipédia: “Um projeto é uma série de ações únicas, destinadas a atingir um objetivo exclusivo dentro de um prazo especifico e de limitações de custo.”

2 – Segundo o PMBOK® Guide: “Um projeto é um esforço temporário empreendido para gerar um produto, serviço ou resultado exclusivo.”

3 – Segundo o PRINCE2: “Um projeto é uma organização temporária criada com o propósito de entregar um ou mais produtos de negócios, de acordo com um Business Case pré-acordado.” A palavra organização refere-se a equipe do projeto, ou seja as pessoas envolvidas no projeto e como elas se relacionam entre si.

Cada projeto tem um início e um fim definidos, sendo por isso temporário. Processos que indefinidamente se repetem, são referidos como “operações” ou “business as usual” e não constituem projetos realmente. Exemplo: a manutenção de um software é considerada uma operação, porém se for decidido implementar novas funcionalidades, ou até mesmo atualizar a linguagem utilizada, este pode ser encarado como um novo projeto.

 

Um pouco sobre o PRINCE2

PRINCE2 – PRojects IN Controlled Environments, é um método de gerenciamento de projetos genérico, a ponto de poder ser aplicado a qualquer projeto, independentemente de seu porte, tipo, organização, região geográfica ou cultura. Isso é possível porque o PRINCE2 isola o gerenciamento do projeto (ex.: aspectos ligados ao escopo, tempo, custo, qualidade, riscos, benefícios, tolerâncias, etc.) das contribuições especializadas (o esforço para realizar o produto, ex: design, construção etc.). Assim, os métodos de produção dos aspectos especializados são facilmente integrados com o método PRINCE2, formando um framework completo para o projeto. Como o PRINCE2 é genérico e baseia-se em princípios comprovados, as organizações que adotam o método como padrão podem melhorar substancialmente sua capacidade organizacional e maturidade em diversas áreas de atividade.

Essa metodologia foi desenvolvida pelo OGC – Office of Government Commerce do Reino Unido, que é uma organização do governo do Reino Unido responsável por iniciativas que aumentam à eficiência e efetividade de processos de negócio do governo.

Um projeto que adota a metodologia PRINCE2 deve considerar estes sete princípios:

 

Justificativa de Negócio Contínua

Um projeto PRINCE2 deve ter uma Justificativa de Negócio Continua, portanto, cada projeto deve ter um Business Case. Isto significa que a razão para iniciar o projeto deve fazer sentido do ponto de vista dos negócios e possuir um ROI. O documento Business Case fornece detalhes completos, mostrando porque o projeto deve ser feito, incluindo custos, benefícios esperados e prazos, também referidos como informações de justificativa de negócio. Como o documento Business Case é um dos primeiros documentos criados em um projeto, ele evita que se iniciem alguns projetos que de fato oferecem poucos benefícios reais a empresa. A justificativa de negócio é então verificada em todo o ciclo de vida do projeto, o que pode, por exemplo acontecer ao final de cada estágio. O Princípio da Justificativa de Negócio Continua confirma a necessidade de uma justificativa documentada no início do projeto, e durante o mesmo para que possam ser tomadas decisões com o valor do negócio em mente. O Business Case é regularmente revisto durante o projeto para verificar a sua aderência a Justificativa de Negócios Contínua.

 

Aprender com a Experiência

As equipes de projeto PRINCE2 devem aprender a partir de projetos anteriores. Portanto, devem tomar a iniciativa de descobrirem e utilizarem as lições aprendidas e levá-las em conta durante a vida do projeto. Cada projeto é exclusivo, o que significa que sempre há algo novo, o que cria um elemento de risco em cada novo projeto. Pode-se dizer também que cada projeto tem algumas incógnitas que devem ser investigadas. O Princípio de “aprender com a experiência” abrange todo o ciclo de vida do projeto, desde o processo Starting Up a Project, passando pelo projeto inteiro e indo até o processo Closing a Project. Qualquer lição aprendida durante o projeto, deve ser documentada. As lições documentas devem ser repassadas e serem disponibilizadas para projetos futuros, onde podem ser aproveitadas. O PRINCE2 também realça que constitui responsabilidade de todos os envolvidos no projeto buscar e capturar lições aprendidas, ao invés de esperar que alguém as forneça.

 

Papéis e Responsabilidades Definidos

Em qualquer projeto, as pessoas precisam saber o que fazer e o que podem esperar dos outros. Acreditamos que este é um dos princípios mais importantes para acertar desde o início. O PRINCE2 afirma que um projeto deve ter bem definidos os papéis e as responsabilidades dentro de uma estrutura de organização, a qual envolva os interesses do negócio, do usuário, do fornecedor e das partes interessadas. De acordo com o PRINCE2, um projeto tem 3 partes interessadas principais: o Executivo, os Usuários e os Fornecedores cujo detalhamento está abaixo:

1 – O Executivo = é aquele que se certifica de que o projeto agrega valor ao dinheiro nele investido;

2 – Os Usuários = são aqueles que utilizarão o produto após ele ser criado e dessa utilização criarão benefícios;

3 – Os Fornecedores = são aqueles que oferecem recursos e o conhecimento especialista para o projeto e produzem produtos, ou pacotes de serviços.

Este princípio estabelece que estes três participantes primários devem ser corretamente representados na Equipe de Gerenciamento de Projeto e no Comitê Diretor do Projeto. Cada integrante da equipe tem um papel definido e uma responsabilidade acordada. Em resumo, o princípio “Papéis e Responsabilidades Definidos” pressupõe uma boa estrutura de gerenciamento de projetos que possa responder as seguintes perguntas:

O que se espera de mim? O que se pode esperar dos outros? Quem toma quais decisões?

 

Gerenciar por Estágios

Um bom modo de executar qualquer grande tarefa ou projeto é dividi-lo em partes menores (Método Cartesiano), que são chamados nos projetos PRINCE2 de Estágios ou Estágios de Gerenciamento. Um projeto PRINCE2 é planejado, monitorado e controlado estágio a estágio. Estes Estágios de Gerenciamento, são separados por pontos de decisão (também conhecidos como “Pontos de Controle”) de responsabilidade do Comitê Diretor do Projeto.

Ao término de cada estágio, o Comitê Diretor do Projeto avalia:

1 – O desempenho do último deles;

2 – O Business Case;

3 – O plano para o próximo estágio, definindo se o projeto avança ou não para o próximo estágio.

Há vantagens em se trabalhar por estágios, pois propiciam uma boa abordagem para o planejamento do projeto sendo:

1 – Permitir que o projeto seja divido em uma série de partes gerenciáveis;

2 – Ter um plano de projeto de alto nível para todo o projeto e um Plano de Estágios bastante detalhado;

3 – Certificar-se de que os planos para os próximos estágios possam aprender a partir dos estágios anteriores.

 

Gerenciar por Exceção

Quando se trata de fatores como tempo, custo e escopo, o Gerente de Projeto tem alguma tolerância ou liberdade para trabalhar sem antes advertir o Comitê Diretor do Projeto de que há, ou pode haver um problema. Se o problema é pequeno e ele permanece dentro das tolerâncias, então o Gerente de Projeto poderá lidar com isso e não terá de alertar o Comitê Diretor do Projeto. Cada nível da Organização do projeto se vale do princípio de Gerenciar por Exceção para administrar o nível inferior de gerenciamento.

O nível inferior de gerenciamento, só deve notificar o nível superior, se houver uma grande issue que está fora de sua tolerância. O nome dado no PRINCE2 para uma grande issue é “Exceção”, o que significa que a issue está fora da tolerância acordada.

A definição do PRINCE2 para Gerenciar por Exceção é: Um projeto PRINCE2 tem tolerâncias definidas para cada objetivo do projeto de modo a estabelecer os limites de autoridade delegada.

O PRINCE2 lista 6 tolerâncias que podem ser definidas: Prazo, Custo, Qualidade, Escopo, Risco e Benefícios.

Gerenciar por Exceção possibilita ao nível superior de gerenciamento uma forma de administração e controle do nível imediatamente inferior, não precisando assim ser “incomodado” por pequenos problemas.

 

Foco em Produtos

Uma Descrição do Produto detalhada irá orientar o projeto, estabelecer as expectativas corretas e ajudar a entregar os produtos requeridos. O manual do PRINCE2 afirma que “Um projeto PRINCE2 se concentra na definição e na entrega dos produtos e principalmente nos seus requisitos de qualidade”. Uma boa Descrição do Produto proporciona clareza, pois define o propósito, a composição, a derivação, o formato os critérios de qualidade e o método de qualidade do produto. Uma boa Descrição do Produto também torna mais fácil determinar os requisitos de recursos, dependências e atividades.

O princípio Foco em Produtos afirma que a Descrição do Produto deve ser redigida tão breve e do modo mais claro possível no projeto, para que todas as partes interessadas tenham uma ideia clara do que esperar. O Tema Planos dá suporte ao princípio Foco em Produtos, pois conforme as Descrições do Produto são criadas como parte do planejamento com base no produto.

 

Adequar ao Ambiente de Trabalho

Um projeto PRINCE2 deve ser adequado de acordo com o tamanho, o ambiente, a complexidade, a importância, a capacidade e o risco do projeto. O propósito de Adequar ao Ambiente de Projeto significa:

1 – Assegurar que o Método do Projeto diz respeito ao ambiente de projeto (ou seja, ao se trabalhar num ambiente financeiro, deve-se alinhar o método com a estrutura de gerenciamento existente);

2 – Assegurar que os controles do projeto se baseiem na escala, na complexidade, na importância, na capacidade e no risco do projeto.

Documento de Iniciação do Projeto (DIP) deve descrever como o método PRINCE2 será adequado para aquele projeto em particular.

 

As boas práticas recomendadas pela metodologia PRINCE2, abordam todos os aspectos do gerenciamento de projeto que alinhadas aos princípios, nos trazem um modelo de gestão eficaz e dinâmico.

No próximo artigo, serão abordados as benefícios, características e aspectos de desempenho de um projeto PRINCE2.

 

Clique nesse link para ler a parte 2

 Clique nesse link para ler a parte 2

 

Autor

Alexandre Abdala – PRINCE2 Practitioner

Referências: Gerenciando Projetos de Sucesso com PRINCE2 – OGC / Manual de Treinamento da Management Plaza Brasil.

PRINCE2 é marca registrada da AXELOS Limited.

Conheça mais sobre o PRINCE2
 

#PRINCE2

WhatsApp chat